Refúgio
Sentei-me à beira de um rio remansado
No deslumbre da calmaria
Sem nada esperar
Tão-só o ocaso, majestoso fim do dia
Ante meus olhos arregalados
Desejando estrelas no céu
Minh’alma constelação
Um universo inteiro, meu pensamento
Cortando o breu, a luz das minhas retinas
Refletidas nos cacos do meu silêncio
Quebrado pela música dos galhos farfalhantes
De lá, onde solitude é companhia
E cativa meu olhar um livro à mão
Meu único amante
Onde é sensível o gosto das flores noturnas
Que ornam a escuridão
Com seus arranjos perfumados
Que fazem divagar minha mente
Enquanto se vão meus tormentos, devagar
Finda o anoitecer
Sem demora
Renasço inteira
Em raios de sol, noutro amanhecer...