VESTÍGIOS DE TI
Levei, sem querer, a mão ao rosto,
E senti teu cheiro,
Cravado em minha pele,
Como marca de um gosto,
Que o tempo não repele.
Cheiro de alegria,
De filosofia,
De poesia,
Cheiro teu, em mim,
Como uma memória sem fim.
Vi imagens no céu pintadas,
Sons que ecoavam no horizonte,
Ondas do mar, tão delicadas,
Como a melodia de uma fonte.
Folhas caindo das árvores,
Orquídeas a florescer,
O vento, intangível em seus ardores,
Efêmero em minha alma a se perder.
Alma que nunca foi tocada,
Nem por mim, nem por ti,
Como sombra que vaga na madrugada,
Em busca de algo que não pode existir.
Mas o cheiro, o cheiro persiste,
Como lembrança que insiste,
Em viver dentro de mim,
Um vestígio, um início, sem fim.