Musa do melodrama

Suporto cada fresta de erros que me formam e temo ter um inconsciente lúcido demais. Me tornei mestre em auto perturbações com discursos e fantasias imorais.

Se o pensamento é o ensaio da ação, eu seria açoitada em praça pública, queimada como em uma ancestral encarnação. Das primeiras pedras atiradas, as guardaria no bolso sem hesitação.

Meu êxito é não acreditar em pecado.

Temo dizer que minhas rédeas forçosas são indispensáveis, embora apertadas e limitantes. Opto pela mansidão evitando galopar desgovernada pelo asfalto desgastante.

Me preencho de vazios do que um dia fora tão absoluto e a distância confortável entre sonhos e veracidade. Ser minha própria musa inspiradora passa longe de uma mera e rotineira vaidade.

Melpômene era a tragédia de coturno gastos.

Se hoje escrevo sobre minha inquietação, em algum momento toda agonia borbulhou e a erupção em palavras foi irrevogável.

Com o tempo a dor, conflito e desejo torna-se adaptável.

Rafaela de Carlo
Enviado por Rafaela de Carlo em 26/09/2023
Reeditado em 26/09/2023
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