Musa do melodrama
Suporto cada fresta de erros que me formam e temo ter um inconsciente lúcido demais. Me tornei mestre em auto perturbações com discursos e fantasias imorais.
Se o pensamento é o ensaio da ação, eu seria açoitada em praça pública, queimada como em uma ancestral encarnação. Das primeiras pedras atiradas, as guardaria no bolso sem hesitação.
Meu êxito é não acreditar em pecado.
Temo dizer que minhas rédeas forçosas são indispensáveis, embora apertadas e limitantes. Opto pela mansidão evitando galopar desgovernada pelo asfalto desgastante.
Me preencho de vazios do que um dia fora tão absoluto e a distância confortável entre sonhos e veracidade. Ser minha própria musa inspiradora passa longe de uma mera e rotineira vaidade.
Melpômene era a tragédia de coturno gastos.
Se hoje escrevo sobre minha inquietação, em algum momento toda agonia borbulhou e a erupção em palavras foi irrevogável.
Com o tempo a dor, conflito e desejo torna-se adaptável.