Desbotamento

A inquietude aparente, certa, correta,

Nascida do resíduo de brasa mal queimada,

É o cancro adiado no suspiro inútil que faz o fogo estalar.

Omite-se de curar o tumor maligno que prolifera,

Matam-se afogados dois futuros que se agarram.

Não se pode negar quão infeliz é frustrar o amanhã

Na paupável busca de migalhas derramadas pelo percurso,

Bem no instante em que o horizonte com sol se clarearia.

Entorta-se, fita-se no que há às costas.

Olha-se saudosa a noite sem luar

Assim, deprimindo o dia belo e ensolarado.

Se não se pode subtrair um ato ordinário

Da angústia daquele que está entregue aos seus passos

Que prudência haverá nos encargos que o amor carece?

Se no cotejo aposta na tolerância Daquele que diz valer tanto?

Vai-se então obscurecendo os dias de seu fiel aliado.

Quando se subestima o óbvio e não renunciado.

Quando o clamor pelo socorro dele surge - em você - mudo,

Diante da procura pela simpatia do mormente extinto!

A escuridão que cresce como uma densa árvore de agonias,

Irrigada pelo frio espaço esquecido da longitude,

Limando a deferência e a atenção própria de pares.

Substantivos que mantêm próximas as almas que se amam.

Corpos distantes que de tangível só possuem:

O oceano Atlântico, as promessas e o abstrato.

Perspectivas essas concretas ou algumas imaginadas e,

Necessidades solicitadas, silenciadas, rejeitadas.

Renato W Lima
Enviado por Renato W Lima em 20/09/2023
Reeditado em 22/09/2023
Código do texto: T7890490
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