Desbotamento
A inquietude aparente, certa, correta,
Nascida do resíduo de brasa mal queimada,
É o cancro adiado no suspiro inútil que faz o fogo estalar.
Omite-se de curar o tumor maligno que prolifera,
Matam-se afogados dois futuros que se agarram.
Não se pode negar quão infeliz é frustrar o amanhã
Na paupável busca de migalhas derramadas pelo percurso,
Bem no instante em que o horizonte com sol se clarearia.
Entorta-se, fita-se no que há às costas.
Olha-se saudosa a noite sem luar
Assim, deprimindo o dia belo e ensolarado.
Se não se pode subtrair um ato ordinário
Da angústia daquele que está entregue aos seus passos
Que prudência haverá nos encargos que o amor carece?
Se no cotejo aposta na tolerância Daquele que diz valer tanto?
Vai-se então obscurecendo os dias de seu fiel aliado.
Quando se subestima o óbvio e não renunciado.
Quando o clamor pelo socorro dele surge - em você - mudo,
Diante da procura pela simpatia do mormente extinto!
A escuridão que cresce como uma densa árvore de agonias,
Irrigada pelo frio espaço esquecido da longitude,
Limando a deferência e a atenção própria de pares.
Substantivos que mantêm próximas as almas que se amam.
Corpos distantes que de tangível só possuem:
O oceano Atlântico, as promessas e o abstrato.
Perspectivas essas concretas ou algumas imaginadas e,
Necessidades solicitadas, silenciadas, rejeitadas.