Por cima e bem abaixo

O senso de direção sempre foi meio falho, ou ausente

talvez até possa afirmar que nunca esteve presente,

ou se esteve, nunca nem usei

ignorei as coisas que eu preguei.

Apontei para a direção errada e fui direto

ainda sabendo que não havia certo no incerto.

Por que mesmo a gente faz isso?

Entrar numa porta e sair por outra,

é bobagem só dar um sumiço.

E procurar desgraça onde não há pouca.

O pior de tudo é não saber quando largar mão,

não há mapas nem placas

só um caminho e pouca iluminação.

Acham que sou emocionada,

e me perguntam se eu revisito.

Claro, por que eu não voltaria ali?

Para espiar meio assim de soslaio,

ver o que ainda sobrou daquela casa velha e sem telhado?

Explorar perde o clima.

Comprovo, posso ter entrado por cima,

mas com certeza saí por baixo.

ou ainda estou no porão e guardo as tralhas,

chuto pelos cantos as migalhas

do que um dia esteve no sótão protegido,

junto com coisas que só eu lembro, olhando para meu próprio umbigo.

Entrei pela frente, saí por trás,

entrei por cima, quando nem queria, mas...

Estou embaixo, bem baixo, ou muito abaixo?

Lívia Helena Rodrigues
Enviado por Lívia Helena Rodrigues em 01/09/2023
Código do texto: T7875812
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