Por cima e bem abaixo
O senso de direção sempre foi meio falho, ou ausente
talvez até possa afirmar que nunca esteve presente,
ou se esteve, nunca nem usei
ignorei as coisas que eu preguei.
Apontei para a direção errada e fui direto
ainda sabendo que não havia certo no incerto.
Por que mesmo a gente faz isso?
Entrar numa porta e sair por outra,
é bobagem só dar um sumiço.
E procurar desgraça onde não há pouca.
O pior de tudo é não saber quando largar mão,
não há mapas nem placas
só um caminho e pouca iluminação.
Acham que sou emocionada,
e me perguntam se eu revisito.
Claro, por que eu não voltaria ali?
Para espiar meio assim de soslaio,
ver o que ainda sobrou daquela casa velha e sem telhado?
Explorar perde o clima.
Comprovo, posso ter entrado por cima,
mas com certeza saí por baixo.
ou ainda estou no porão e guardo as tralhas,
chuto pelos cantos as migalhas
do que um dia esteve no sótão protegido,
junto com coisas que só eu lembro, olhando para meu próprio umbigo.
Entrei pela frente, saí por trás,
entrei por cima, quando nem queria, mas...
Estou embaixo, bem baixo, ou muito abaixo?