Osso deslocado não volta em tese para o lugar, mas...
Osso deslocado não volta em tese para o lugar, mas...
Vivendo uma realidade
Digamos, um tanto triste,
De ver uma das minhas articulações mandibulares
Estar literalmente fora lugar
E não ter nada a fazer do que encarar um tratamento conservador
E, por vezes, dolorido
Sobre o tema, fiquei a meditar
Sim, é triste porque me limita em muitas questões,
Mas, sei que com o tratamento que busco fazer com toda a dedicação e disciplina o possível,
Ao menos, uma cirurgia
Que pode ser deveras invasiva e comprometer mais ainda a região afetada,
Fico a evitar
Por outro lado, esse deslocamento me lembra
De certa forma,
De tudo que passei,
Todas as minhas lutas,
E o que estou e o que não estou disposta a enfrentar
Sim, é uma marca, um símbolo de que tudo que se desloca, seja pelo desgaste do tempo, seja por alguma violência ou trauma, seja por alguma implosão...
Por mais que não volte ao lugar,
Sim, faz com que a forma com que estamos lidando com isso e tantas outras questões da vida
Tenhamos que ressignificar
Sim, passar a olhar certas questões
De outra forma
Talvez, com leveza...
Mesmo que eventualmente
Nem sempre com leveza, candura, amor e acolhimento
Tantos venham nos recepcionar
Mas, sim, precisamos ser assim,
Não para somente para o mundo necessariamente
Mas, para conosco,
Até para que outros deslocamentos
Venhamos a evitar
E, assim, tentando ser,
Um tiquinho mais leves e ternos,
Sem perder a firmeza necessária para viver nesse mundo, é claro
Vamos convivendo com deslocamentos, com lesões, com dores, enfim...
E, quem sabe, até curando
Ou que incurável
Uma dia ficávamos a considerar