Porteira de Mim
Quando me perguntam se eu já fui muito magoada
Percebi que respondia errado
Eu costumava dizer que sim
Mas que covardia a minha
Que falta de verdade
Ninguém me feriu
Eu
Por vontade
Covardia
Ou imaturidade
Dei acessos indevidos
Para "amores"
E amigos.
Hoje sei
Que eu sou dona de mim
Porteira de meu espaço
Do meu corpo
Eu me refaço.
Eu que permito
Como quero ser vista
Tratada
Falada
Ou ouvida.
Entra quem quero
Entra quem deixo
Fica quem merece
Fica quem me tem esmero.
Entrar pode não ser fácil
Mas sair
Pode não ser agradável
Aproveite enquanto te permito ficar
Pois,
Ao ser convidado a se retirar
Pode se surpreender
Talvez ache não merecer
Mas lembre
Só eu sei o que vi em você.
Reciprocidade, hoje
É meu sobrenome
Casei com o amor próprio
Noivei com a solitude.
Mas vale manter minhas virtudes
Que distribuir meu querer
Com qualquer um, sem merecer.
Não tenho medo da solidão
Nem do silêncio
Eles me fazem companhia
Espelhando meu brilho
Reluzindo meu brilhar
Me fazendo sentido
Mantendo o meu amar.