Solitários Versos
Uma ponte nunca sai do lugar, nós sim.
Novamente me vejo no meio dela, olhando
para trás, avisto lonjuras que se perderam no tempo onde já não te avisto mais.
Inesperadamente te vejo novamente, na minha frente.
Mais à frente, mais à frente!
Consigo te ouvir gritar.
Ouço o teu silêncio, o teu sussurro.
Consigo te enxergar entre a névoa, escutar tua voz ecoando entre a colina, que subo, subo ... Mas não te vejo ainda.
Quase pude sentir as pontas dos teus dedos , e te puxar pro lado onde tudo estaria a salvo.
O lado de dentro.
Mas não deu tempo, ... o tempo.
Não foi o vento, nem a neblina, que te cegou os olhos e me deixou cair longe do cais, perto do caos.
Espatifei -me inteira.
Voltei pro meu refúgio, não como um cão assustado, mas com um lobo do meu lado.
Estou no meio da ponte de novo, olhando para uma placa de retorno.
Sem sinal, sem rastros, com uma letra faltando, um dano causado pelo tempo.
Não consigo ler o que a placa está dizendo.
E engraçado como o passado e o futuro colidem com o presente ao som de uma canção decente de anos que não fizeram
parte da vida da gente.
Talvez em algum tempo perdido, tu me leste no meio de uma história, que ainda não foi contada.
Ou me encontre numa letra de música, esperando para ser dedicada, quem sabe num poema acústico, tu escreves e me faz ...
Mas para decifrar as voltas que cruzam os nossos caminhos, teríamos que encontrar o que perdemos no meio do que quase poderíamos ter vivido ...
Estou muito tempo sem escrever, para poder entender ...