Firme, mesmo que em nuvens.

Ponderando cautelosamente as memórias a respeito de onde tudo começa

Onde houve um borbulhar angustiante;

Visitando aquela antiga imagem que guarda o meu corpo queimando,

o toque do vento frio de cada visita ao abismo...

Qual a definição do que é real?

E cada um há de se perder cada vez mais se considerar apenas o tátil,

ou o que os olhos veem, 

ou o que o coração sente.

Eu sei a página em que está descrito o ardor de cada noite em chamas,

ainda que sem ouvir eu distinguiria a voz de cada sombra que me visitou,

e em meus olhos há a capacidade de reconhecer, no completo escuro,

cada volta daquele labirinto de um chão abundante em espinhos.

Nem a minha mente ousa me pregar peças mais,

ela sabe o que é sucumbir ao completo delírio,

há tempos compreende o que é desprender-se do que se é,

a voz macia no espelho que fala "Quem é você?"

mas essa pergunta ecoou pela sala tantas vezes,

ao ponto que se tornou necessária a busca por respostas.

Cite o corredor e lhe direi o que está guardado em cada prateleira,

a ímpar organização de quem abraçou o caos,

a serenidade dos que cansaram de agonizar.

E só aquele que encontrou a morte, ainda em vida,

há de compreender cada sessão dessa biblioteca sem livros.

Por fim, como o movimento de uma chave na fechadura,

os que conseguem virar-se para o outro polo encontram algo de valor inestimável...

A capacidade de ser fortaleza,

independente de quantas ondas batem o cais;

imperturbáveis no meio de um bombardeio.

Munidos de uma exuberante coragem de simplesmente SER.

Apenas seja.