Cabo desligado em Delgado
Em Cabo Delgado, terra de mistérios e encantos,
Onde a brisa sopra, mas também sopra o pranto,
Os dramas da vida dançam num furacão,
Teço poesia, entre metáforas e ironias, com devoção.
Lágrimas como rios que desaguam no mar,
Nas faces dos que enfrentam o pesado olhar,
Dos conflitos, violências e temores que se abraçam,
Como lobos famintos que à paz trespassam.
A areia quente que queima os pés descalços,
É símbolo das provações que afligem tantos braços,
Em meio à poeira que turva o horizonte de esperança,
Emergem destemidos, erguendo a voz da bonança.
É como um fogo que consome a relva verde,
A violência crescente, tempestade que se perde,
No coração das almas, inocentes aflitas,
Que buscam abrigo nas rimas mais bonitas.
Hipérboles aludem ao poder do inesperado,
Como tsunamis que varrem sonhos ao passado,
Mas também guardam a força da resistência,
Nas almas dos bravos que buscam subsistência.
Oh, Cabo Delgado, jardim de contradições,
Onde a tristeza é poço profundo de emoções,
E a alegria, um raio de sol tímido e esquivo,
Que se esconde em nuvens de medo e intriga.
A vida se equilibra na corda bamba do destino,
E cada passo, uma valsa entre dor e tino,
Que desvenda o cerne de uma realidade sombria,
Mas também o brilho da esperança, a chama fugidia.
Que um dia, os conflitos cedam à paz,
E a vida em Cabo Delgado, enfim se refaz,
E na poesia das cicatrizes, um hino de união,
Floresça como um jardim, renascendo das cinzas, então.