Eu também sei chorar
Perguntam, como vai?
A resposta, é sempre bem
A gente finge que não cai
Não conta a dor pra ninguém
A gente dá solução pra tristeza
Condena quem está em sofrimento
Fala como se tivesse certeza
Como se fosse nosso o sentimento
Onde um falso sorriso, estampa a face
Os lamentos se escondem nas risadas
A alegria não passa de um disfarce
Para nos iludirmos com contos de fadas
Entre a imposição da felicidade
E a caça aos murmuradores
Canta a insanidade
Uma ode aos ditadores
Onde as vidas são encenadas
Onde os seres são perfeitos
Todos os dias, gargalhadas
Todos vivem satisfeitos
Onde estão os mortais?
Só encontro esses seres divinos
Quero meus semelhantes, boçais
Os que são afetados pelo destino
Onde estão os derrotados?
Aqueles que sabem sangrar
Os que já foram derrubados
E continuam a sonhar
Chega desse puxar de corda
Viver marionete dessa peça
Primeiro a gente acorda
Depois a vida começa
Não vou mais fingir um sorriso
Para minhas lágrimas disfarçar
Cansei das regras desse falso paraíso
Eu também sei chorar