Eu também sei chorar

Perguntam, como vai?

A resposta, é sempre bem

A gente finge que não cai

Não conta a dor pra ninguém

A gente dá solução pra tristeza

Condena quem está em sofrimento

Fala como se tivesse certeza

Como se fosse nosso o sentimento

Onde um falso sorriso, estampa a face

Os lamentos se escondem nas risadas

A alegria não passa de um disfarce

Para nos iludirmos com contos de fadas

Entre a imposição da felicidade

E a caça aos murmuradores

Canta a insanidade

Uma ode aos ditadores

Onde as vidas são encenadas

Onde os seres são perfeitos

Todos os dias, gargalhadas

Todos vivem satisfeitos

Onde estão os mortais?

Só encontro esses seres divinos

Quero meus semelhantes, boçais

Os que são afetados pelo destino

Onde estão os derrotados?

Aqueles que sabem sangrar

Os que já foram derrubados

E continuam a sonhar

Chega desse puxar de corda

Viver marionete dessa peça

Primeiro a gente acorda

Depois a vida começa

Não vou mais fingir um sorriso

Para minhas lágrimas disfarçar

Cansei das regras desse falso paraíso

Eu também sei chorar

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 19/07/2023
Reeditado em 19/07/2023
Código do texto: T7840543
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