INSÔNIA
Uma noite de insónias
É o tempo perfeito
Para perceber
As distâncias
Que deves manter
E os reencontros
Que precisas apressar
Na penumbra em silêncio
Os pensamentos organizam -se
Tomam forma
E tudo parece mais nítido.
Há sonhos que entre
Os dedos das mãos se escaparam.
Foram adiados
Para quando houvesse tempo.
Hoje já não fazem sentido
Mas perdeu-se a vivência
De os concretizar.
Há um "Não quero!"
Preso nos lábios
Que fez ninho vazio
Ressequiu-os
E as palavras morreram
Sem que alguém as ouvisse.
Há um passado
Que deve ser esquecido
E há um presente
Que precisa ser construído
Entre a realidade da vida
E o sonho que lhe dá cor.
Pela manhã o cansaço
É visível.
As olheiras fazem finca pé
No rosto macerado
Mas não precisam ser escondidas.
Dizem que o travesseiro
É um bom conselheiro.
Eu acho que o é
Mas é preciso aceitar o conselho.