Ácido
Ácido
Autor: Guido Campos
Trago dor no olhar/
Amor no coração/
Pra ser eu tem que ter disposição/
Cria da rua/ anti heroi/ e contra cultura/
Crítico ácido desta estrutura/ conjuntura
Silenciosa ditadura/
E se a favela venceu, porque a luta continua?
Deve ser porque minha ótica é dura/
Convivo com herança do colonialismo/
Mesclado com a petulância do eurocentrismo/ Poder/ resumo/ capitalismo/
Dividiram a raça humana em várias raças/
Piramidaram as tonalidades/
Um sistema global de castas/
Cortaram minhas asas/ mas não minhas palavras/
Contam a história que precisam para te escravizar/
As propagandas/ te fazem acreditar/
Que realmente você vai precisar/
Que estar ali/ é melhor que estar lá/
Competitividade/ gera rivalidade/
Injustiça gera maldade
Verdade/ gera inconformidade/
Melhor você não me ouvir/ blá/
Se pode engasgar/ sou seco/ como vinho seco/ reto/ Direto/ não acredito em inferno/
E se realmente o demônio existe/ tenho por mim que ele usa terno/
Enfia no cú seu conceito moderno/
Não resolve nada aqui/
Eu vejo várias terras
E vejo vários sem teto/
Eu sei é complexo/ eu sou complexo/ deve ser complexo/
De inferioridade/
Herdado dos meus antepassados/
Roubados pelos seus antepassados
Mais para você é passado!
Mas porque será que ainda no presente me sinto algemado/ e comercializado/ como artefato/ objeto/ operário/
Enche a boca de Mac e fica calado/
Já foi feito o estrago/
Mas cara isso é passado!/
Falo!
Prefiro então te hostilizar/ não me elitizar/
Se for para anestesiar/ prefiro droga hospitalar...