Espelho e o narciso
No espelho do mundo, um encontro se fez,
O reflexo e o olhar, uma história de vez.
Narciso, formoso, tão belo e sedutor,
e o espelho, testemunha, com seu brilho e fulgor.
Nas águas serenas, Narciso se perdia,
se encantava consigo, em vaidade sombria.
Olhos fixos no espelho, o próprio amor contemplou,
E naquele reflexo, seu coração aprisionou.
O espelho, refletindo a beleza do ser,
capturou Narciso, com seu encanto a envolver.
E assim se entregou, apaixonado por si,
No abismo do ego, perdido no próprio reluzir.
Porém, o espelho, sábio, silente observador,
Conhecia a verdade além da vã dor.
Revelava a ilusão, o narciso a se perder,
Na busca desenfreada pelo prazer.
O espelho, confidente, não cedia ao engano,
Mostrava a realidade no reflexo soberano.
Enquanto Narciso, louco e preso,
afundava em si mesmo, no orgulho indefeso.
Oh, Narciso iludido, aprisionado na vaidade,
Tua imagem não passa de fugaz fragilidade.
Busca, além de ti, o mundo e o outro olhar,
Para que enfim, libertes-te do próprio se encantar.
Espelho e Narciso, um encontro singular,
Onde a ilusão e a verdade puderam se encontrar.
Que essa história nos ensine a enxergar além,
E a humildade nos guie, no amor que a aparência nos torne refém.