Um Cacto Sem Identidade - 19/04/23

Eu cresci no desespero; no desapego.

Da falta do ter... Do excesso fiz minha morada.

Me tornei; me realizei. Eu sonhei com verdes pastagens.

Mas me confortei facilmente com galhos secos.

Anos à fio, sendo como um cacto nos morros.

Em terrenos de excesso, mas de calor extremo. Aprendi a armazenar água.

Aprendi a me defender. Produzi espinhos!

E mesmo assim, ainda haviam predadores do meu eu.

Tornei cada parte do meu corpo como uma extensão da minha existência.

Não deveria quebrar por nada. (Se recupere)

Áspero por fora. (Será mesmo? )

Macio e aquoso por dentro. (Esconda isso!)

Ninguém respeitou o meu tempo; meu espaço. Rotulando; intitulando. Fraco!

Minha aquosidade refletia através dos meus espinhos.

Então eu decidi mudar de clima.

Passei a viver entre os afortunados. Chuvas torrenciais e climas amenos. (Eu juro que tentei)

Eu estava sempre com excesso; encharcado.

Mas eu já tinha água. Com o tempo percebi.

E me doeu mais do que nunca, descobrir que perdi meu habitat. (Saudade da minha terra)

E eu fui para longe de casa. E não parecia ter volta.

O sol me trazia as lembranças das dificuldades. Mas parece que quem eu sou, se desenvolve na "sequidão". (Não te gosto, mas te preciso!)

Tenho uma relação com terras áridas?

Sem meu sol, perco o sentido!? Só sei que tenho água demais!

Porém, não quero ter sol demais. (Não aguento mais)

No fim, essa é só a história de um cacto.

Cacto em cacos! Um cacto quebrado!

Um cacto sem identidade.

Italo Jaster
Enviado por Italo Jaster em 19/04/2023
Reeditado em 21/04/2023
Código do texto: T7767602
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