O poder da linguagem
"Dê-me controle das mídias e dominarei o país, ou quiçá, o mundo!"
Retórica
Ao povo o verbo e ao bolso a verba
Bordão do caricato Justo Veríssimo
Avarento político que se assoberba
Que arvora ser o próprio altíssimo
Perfil político da maioria absoluta
Dos nossos eleitos representantes
Que traem a brava gente que luta
Pelo poder e vícios extravagantes
Menosprezam a nossa inteligência
Com subterfúgios em sua retórica
Que se adapta à sua conveniência
Para perpetuar a carreira histórica
Discursam com cristalina clareza
Negam com tamanha veemência
Para habilmente virarem a mesa
Se ameaçada a sua permanência.
Narrativas
Prefere a versão aos fatos
Faz vista grossa e ouvidos moucos
Espera de outrem relatos
Deixa-se levar por canalhas loucos
Mergulha-se em platitudes
Impressiona-se com pantomimas
Ameniza falas muito rudes
E ao conteúdo prefere as rimas
Aceita facilmente a mentira
A verdade se apresenta nua e crua
Mas não a quer em sua mira
Porque afinal a culpa nunca é sua
Cai facilmente em sofisma
Balizado por teorias primitivas
De quem sequer tem carisma
Aos fatos prefere as narrativas.
Neologismos
Crime é ato infracional
Menor criminoso é infrator
Eca anula o código penal
Impunemente mete o terror
Negro é afrodescendente
Impõe o politicamente correto
Bicho de estimação é gente
Diálogo cabuloso é papo reto
Pichação das paredes é arte
Em flagrante delito é suspeito
Sofrimento da vítima à parte
Vítima da sociedade é o sujeito
Regulamentação das mídias
Chamam assim a prévia censura
Os neologismos são perfídias
Nossa democracia é mentira pura