SILENCIOU-SE
Não coube nas palavras esse viver
Silenciou-se, todas elas
Uma a uma
E tudo se fez deserto e sequidão
Não coube na poesia essa dor
Não comportou os pesares
Das lágrimas, do desespero e da morte
Morte lenta e sofrida
Não coube no coração
A desilusão de ver um amor partir
Partir em milhões de pedaços
Dilacerando a alma, os sonhos, os planos
Jogando ao destino
Onde tudo, se tornou um grande vazio enlouquecedor
Não haveria nunca de caber nas palavras
Nem na vida, tampouco na poesia
Quisá no coração
Sepultou-se assim, tudo que existia
Dia a dia, hora a hora, deliberadamente
Pelo livre arbítrio da escolha
Até que restou apenas um silêncio ensurdecedor
Fernanda A. Fernandes
19/2/2023