FIGURAS DO TEMPO
Sou outono, vestígio do que era
Primavera não , nem sei mais
Fiquei lá atrás, numa quimera
Quem dera fosse, quem dera.
Redesenho meu rosto todo dia
Finjo alegria, quem quer saber?
Não vou beber o fel da agonia
Por ironia ela quer me beber.
Não falo de amor nem o declaro
Não raro lembro meu outro eu
Viveu, morreu noites em claro
Foi caro o preço e se perdeu.
Há noites muito mais escuras
Duras de enfrentar ao relento
O alento são as doces loucuras
Figuras daquele bom tempo.