Chuva de sonhos
É raro o dia em que não amanheço com vontade de olhar as minhas flores, elas são singelas, nem sempre elas estão prontinhas, inocentes, nem sabe que enfeitam a minha vida, deixando tudo mais belo... devido as chuvas, algumas delas se desmancham, suas pétalas enfeitam o chão... o que é perfeito, é feito a poesia se derramando apontando um dia mais bonito.
Nunca me queixo por conta de chuva, por mim, poderia chover o ano inteiro e todos os dias, nem assim eu iria reclamar, a chuva prende a minha atenção, gosto de ficar olhando a abundância de água caindo em harmonia, gosto de ouvir o seu barulho, às vezes penso muitas coisas no enquanto, por outras, por alguns sôfregos minutos, fico sonhando sem pressa, quase acordada, com o tempo da minha infância, das ruas sem asfalto, eu e os meus irmãos deslizando na enxurrada e a areia abaixo, felizes sem sobressalto.
Não trazemos de volta o tempo, nem o passado combinaria com a realidade, essa combinação é uma ponte sem fim, é melhor ficar aqui, com os meus sonhos à luz do dia que seja na penumbra, sob nuvens carregadas, deixo minha alma viajar, num vai e volta sem compromisso, o presente é simpático, tanto faz o dia como a noite, o sonho é entranhando na minha alma, o tempo sorri para mim.
Findo o dia, o bom é entrar outra vez dentro de casa, com o guarda-chuva fechado, de pés descalços, e cabelos molhados, as gotas de chuva no rosto, confundindo-se com os pingos dágua nas flores do entardecer, no peito a saudade dos que amo, e que vivem distante, nem assim deixam de ser os meus amores,
e a certeza de que eu amo você.