Você já contemplou as estrelas hoje?
Não dá para criar nada de relevância
sem silêncio e sem escuridão.
Estou refletindo seriamente sobre isto
no momento em que as luzes do quarto
se apagam e eu consigo apreciar
o brilho das estrelas.
Os sons são suspensos e eu
sinto-me suspensa no ar.
O que sou se não uma parte integrante
– redundantemente – de tudo isto?
Não me importa se deuses ou deusas existem,
se somos finitos ou infinitos como essência,
e sim que estamos aqui. Eu estou aqui!
Cada vez que olho para o céu
e o vejo dentro de mim
reflito com seriedade – aquela que a vida pede
sobre o propósito de estarmos neste jogo,
nesta brincadeira, nesta vivência.
Talvez não haja propósito...
Dói em mim reconhecer isto?
Já doeu bem mais.
Hoje eu acho belo.
Estar aqui é muito precioso,
magnânimo,
esplêndido,
uma oportunidade incrível,
que eu me propus a aproveitar,
– dentro dos meus limitados parâmetros
de “aproveitar a vida”, o máximo possível.
Hoje, para mim, “aproveitar a vida”
significa ouvir a vida,
ver a vida,
sentir a vida
… são itens imprescindíveis no menu
de uma proveitosa apreciação
– adoro ser redundante!
desta engenhosa plataforma
chamada VIDA.
O silêncio e a escuridão
são a fonte do mais rico cardápio.
Os melhores nutrientes,
aqueles que nos fazem criativos,
autênticos,
essenciais,
estes apenas são encontrados
nestes singelos e sublimes
momentos de escuridão e silêncio.
Entrar no quarto, apagar a luz…
Você já contemplou as estrelas hoje?