VAGÕES
Fechei as pálpebras com dedos escorridos,
Minha face cantou os sonetos mais contritos.
Nos vagões de meus tristonhos devaneios,
Naveguei em sorrisos destemidos.
Lacei paixões de picos tão perdidos,
Beijei chuvas de desertos refecidos
Dancei nos salões mais sociais
Vesti adornos dos pingentes mais banais.
Dei leite a tanto sonhos incertos,
Planteia agulhas em tapetes tão corretos,
Comi a fruta de Eva e Adão
Lavei os pés do menor de meus irmãos.
Nasci de novo para de novo morrer.
Cortei os olhos para Um dia poder ver.
Joguei as asas para melhor voar.
Doei meu sangue para sangue penetrar.