Tantos são os equívocos que cometemos
O primeiro deles talvez seja o de acreditar que a infância é para sempre.
Sonhamos, livremente e desconhecemos o tempo.
Temos a impressão de que ele nunca passa
E à pretensão de considerá-lo eterno.
 
Depois, na adolescência,
Vem à sensação de transformar o mundo,
Lutar a favor dos oprimidos,
Sonhamos, temos ideais e idéias, transformação...
É a palavra que rege todos os anseios de libertação.
 
Com o tempo vamos percebendo
Que existem regras impossíveis de serem quebradas.
Que adaptação é sinônimo de sobrevivência.
Que a vontade contrasta com a realidade.
Que às mudanças, não são instantâneas.
Descobrimos que o tempo determina datas,
Que as datas nem sempre estão relacionadas aos nossos planos.
Que a eternidade do corpo é ilusória.
Que há muito mais a se aprender do que ensinar.
 
Acordamos para a realidade do tempo que nos sobra.
E se pudéssemos, reformularíamos tudo.
Mas, a impossibilidade de mudanças radicais,
Já constatada na maturidade,
Ou nos deixa serenos e pacientes,
Ou angustiados, lembrando-nos sempre
Do pouco tempo que nos sobra...
E do muito ainda a fazer.