CHUVA NA VIDRAÇA 💠
Na boca dos vendavais
Sobem poeiras
Onde o chão era de estrelas hoje só cinza e restolho
O expurgo dos minutos que sobressaltados viravam horas desaceleradas
E cada ofensa que se ouvia lembrava o olho por olho
Nas entranhas dos temporais
Lodo nos relâmpagos
Visgo prende nuvem
A luz que parecia ser veloz escorria pelos flancos e enchia uma ampulheta
E nunca se esvaziava
Molhadas de chuvas as águas e seus regatos aos prantos
Não existe guarda-chuva que dê proteção a essa tristeza
Bate na porta do coração sem precisar de fechadura pra trancar
Só a lembrança triste de um olhar que se foi pra nunca mais voltar
A solidão e seus intermináveis sinais
Dias de conquistas
Outros de se arrastar feito ponteiros pelas horas
Cada pista e rastro foi apagado
Já não existem mais glórias que os fracassos acumulados
E os anos que se perdiam eram mais raros que um passado
Cada lugar sua vida
Cada vida seu lugar
E o tempo escoa devagar
Feito chuva na vidraça
E a lágrima que um olhar embaça.
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