CHUVA NA VIDRAÇA 💠

Na boca dos vendavais

Sobem poeiras

Onde o chão era de estrelas hoje só cinza e restolho

O expurgo dos minutos que sobressaltados viravam horas desaceleradas

E cada ofensa que se ouvia lembrava o olho por olho

Nas entranhas dos temporais

Lodo nos relâmpagos

Visgo prende nuvem

A luz que parecia ser veloz escorria pelos flancos e enchia uma ampulheta

E nunca se esvaziava

Molhadas de chuvas as águas e seus regatos aos prantos

Não existe guarda-chuva que dê proteção a essa tristeza

Bate na porta do coração sem precisar de fechadura pra trancar

Só a lembrança triste de um olhar que se foi pra nunca mais voltar

A solidão e seus intermináveis sinais

Dias de conquistas

Outros de se arrastar feito ponteiros pelas horas

Cada pista e rastro foi apagado

Já não existem mais glórias que os fracassos acumulados

E os anos que se perdiam eram mais raros que um passado

Cada lugar sua vida

Cada vida seu lugar

E o tempo escoa devagar

Feito chuva na vidraça

E a lágrima que um olhar embaça.

0101222038

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 02/01/2023
Reeditado em 14/04/2023
Código do texto: T7685044
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