[ sem título #50 ]

uma estrela na noite,

visível qual um ponto branco;

não nítida,

ou minha visão não a alcança,

mesmo que eu [me] esforce a visão.

uma noite,

uma tela negra,

qual um abismo que

me olha de volta,

sem saber quem eu sou

quem eu serei

quem eu fui

— e nada sei dela —

pois embora compartilhemos

do mesmo pó,

o tempo nos separa

em anos-luz.

e se sou o passado,

e aquela estrela, o futuro;

ou vice-versa;

quem nos dirá?

um de nós terá partido,

antes disso.

mas não é a morte,

e nem o fim, que busco quando busco

e quando me busco.

é alguma coisa atrelada à Vida que

circula meu sangue

e meus órgãos

e que me faz olhar

algo que se acende

ou se apaga em algum

ponto geográfico,

animal, humano

e motorizado

da América Latina.