AS PROCELAS
Trovões – a tempestade logo se aproxima
As àrvores balançam; o sol não mais acima
As nuvens carregadas – a chuva desce
Do ar nada se enxerga – escurece
As gotas são geladas e grossas
E lavam, arrazam – fazem poças
Agora vai amenizando
E chove... agora trovejando
As nuvens não choram tanto
As gotas tra zem n’entanto
Assim, va gos sonhar –
Tomando todo o ar
Parece com risco
Aquele chuvisco
Uma neblina
Tão fria, fina,
Toma o mundo
Num segundo
A gota,
Garota,
Vai...
Cai..
Ó
S ó,
Na casa
Sem brasa
Da janela
A pr ocela
Sinto que vem
Em mim também
A mágoa m’alenta
Por dentro tormenta
Que foi se acumulando
E não mais se agüentando
A bomba vai se explodir
Sim, tudo vai eclodir
É bom desabsfar às vezes
A guardar p or anos e meses
E abre-se à quelas comportas
Palavras duras, doces, frias, tortas,
Os sentimentos por tempos guardados
Por um momento são-vos revelados
E que reviravolta causa – e atrocidade
Tão fortes, tanta vez, com’uma tempestade!...
1-2/10/1999