É tempo de se curar
Deste hospital finalmente saio,
Faixando minha alma então enferma,
Não mais da natureza subtraio
O remédio que me curou da perda.
Sangrei pelas minhas veias o tempo.
É o medicamento mais caro,
Nele se esvai tudo, e é lento,
Mas a melhora vem com seu afago.
Todo dia o enrolamos no medo,
Mas já não adianta escondê-lo.
Ele sempre foge do seu apego
Se você o tranca no desespero.
O tempo é a exata velhice:
Ou nós podemos padecer assim:
Amargurados na própria chatice,
Ou cauterizar a vida enfim.