Antiamor
A solidão é mais cruciante no ardor das tardes secas e brancas. Mas o último fio de esperança morre ás sextas, sábados e também aos domingos. Toda ocasião apaga a cor, abafa o tom, prende o movimento e silencia o clamor da realidade que é. Na lágrima e no silêncio, no medo e no cansaço, no suor e no fastio, o orvalho sobe de volta. Hoje é um dia que já foi, hoje é um jornal que não se lê, mas o tempo avança tranquilo reunindo trincas nos pedregais. A luz há de resplandecer. E como sopro de vida, dissipará o que fincou raiz no antiamor e florescerá nas trincas dessa dor.