Não aprendi dizer adeus
A gente quer crescer depressa
acreditando que tudo é eternidade
mas a vida vai com pressa
e o que resta é só a saudade
Quando a eternidade da criança
é apresentada ao encerramento
já é tarde pra aproveitar a dança
pois a infância já virou momento
Eu que pendo mais ao lógico
fiel aos números e sua exatidão
cético em um nível astrológico
afirmando que tudo tem uma explicação
Eu que não confio em boatos
e nem em palavras soltas ao vento
sei que as verdades estão nos atos
Eu que preciso ver
que preciso das provas documentadas
para que então eu possa crer
Ainda assim, temo os finais
não há razão que me prepare
mesmo sabendo que são naturais
Nessa hora, peço ao tempo para avançar
para que me permita pular esse momento
a razão entende que não há como escapar
mas não tenho coração pra tal evento
O final faz parte do ciclo, mas não sei lidar
até clamo por ajuda ao universo
sabendo que ele não vai me escutar
o medo me torna controverso
Eu que não temo a morte, temo a despedida
desapareço, mas não me despeço
me escondo pela estrada da vida
apenas para fugir desse processo
Se o ponto fraco de Aquiles é o calcanhar
os pontos finais, são os meus
sei que eles sempre vão chegar
mas eu não aprendi a dizer adeus!