Não aprendi dizer adeus

A gente quer crescer depressa

acreditando que tudo é eternidade

mas a vida vai com pressa

e o que resta é só a saudade

Quando a eternidade da criança

é apresentada ao encerramento

já é tarde pra aproveitar a dança

pois a infância já virou momento

Eu que pendo mais ao lógico

fiel aos números e sua exatidão

cético em um nível astrológico

afirmando que tudo tem uma explicação

Eu que não confio em boatos

e nem em palavras soltas ao vento

sei que as verdades estão nos atos

Eu que preciso ver

que preciso das provas documentadas

para que então eu possa crer

Ainda assim, temo os finais

não há razão que me prepare

mesmo sabendo que são naturais

Nessa hora, peço ao tempo para avançar

para que me permita pular esse momento

a razão entende que não há como escapar

mas não tenho coração pra tal evento

O final faz parte do ciclo, mas não sei lidar

até clamo por ajuda ao universo

sabendo que ele não vai me escutar

o medo me torna controverso

Eu que não temo a morte, temo a despedida

desapareço, mas não me despeço

me escondo pela estrada da vida

apenas para fugir desse processo

Se o ponto fraco de Aquiles é o calcanhar

os pontos finais, são os meus

sei que eles sempre vão chegar

mas eu não aprendi a dizer adeus!

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 10/11/2022
Reeditado em 24/11/2022
Código do texto: T7647170
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