O meu pássaro azul morreu

Havia um pássaro azul em meu peito

e eu não deixava ele sair

tinha que ser do meu jeito

ele não podia se exibir

Ele saía apenas de noite

para não morrer

sua canção me era como um açoite

as águas nos olhos, eu tinha que conter

Eu o afogava na chuva de bebidas

que toda madrugada regava meu coração

ele bebeu todas aquelas gotas ardidas

até que morreu em sua prisão

Lágrimas não me eram permitidas

eu não podia chorar

mas eu chorei, chorei todas lágrimas contidas

chorei até meu mundo desabar

Meu pássaro azul, morreu em meu peito

se decompôs até ser osso, e depois, só poeira

deixou um vazio no meu jeito

que no começo, achei ser bobeira

Então chorei até que meus olhos ardessem

e as gotas começassem me queimar

chorei até que meu peito, elas atingissem

até que as cinzas do pássaro, começassem queimar

Por dentro, surge um calor

que vai virando fogaréu

cinzas e fogo, pelo meu interior

liberdade canta, da boca, do falecido réu

Há um pássaro vermelho em meu coração

morreu azul, mas das cinzas ressurgiu

minhas águas de Março? Finalização

sorrindo e cantando, chega Abril

Ele sai conforme sua vontade

cantando e se exibindo

meu peito, é gaiola sem grade

pra ele estar sempre indo e vindo

Há uma Fênix em meu peito

todos os dias, morrendo e ressuscitando

não há o que esconder, é meu jeito

todos os dias, mudando

Não há um pássaro azul em meu peito

não escondo minha ave no mais profundo

todas noites, tranquilo me deito

deixo voar minha Fênix, pelo mundo

Lágrimas não me eram permitidas

eu não podia chorar

agora choro, choro para que não fiquem contidas

choro até me aliviar

e você?

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 06/11/2022
Reeditado em 06/11/2022
Código do texto: T7644264
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.