O meu pássaro azul morreu
Havia um pássaro azul em meu peito
e eu não deixava ele sair
tinha que ser do meu jeito
ele não podia se exibir
Ele saía apenas de noite
para não morrer
sua canção me era como um açoite
as águas nos olhos, eu tinha que conter
Eu o afogava na chuva de bebidas
que toda madrugada regava meu coração
ele bebeu todas aquelas gotas ardidas
até que morreu em sua prisão
Lágrimas não me eram permitidas
eu não podia chorar
mas eu chorei, chorei todas lágrimas contidas
chorei até meu mundo desabar
Meu pássaro azul, morreu em meu peito
se decompôs até ser osso, e depois, só poeira
deixou um vazio no meu jeito
que no começo, achei ser bobeira
Então chorei até que meus olhos ardessem
e as gotas começassem me queimar
chorei até que meu peito, elas atingissem
até que as cinzas do pássaro, começassem queimar
Por dentro, surge um calor
que vai virando fogaréu
cinzas e fogo, pelo meu interior
liberdade canta, da boca, do falecido réu
Há um pássaro vermelho em meu coração
morreu azul, mas das cinzas ressurgiu
minhas águas de Março? Finalização
sorrindo e cantando, chega Abril
Ele sai conforme sua vontade
cantando e se exibindo
meu peito, é gaiola sem grade
pra ele estar sempre indo e vindo
Há uma Fênix em meu peito
todos os dias, morrendo e ressuscitando
não há o que esconder, é meu jeito
todos os dias, mudando
Não há um pássaro azul em meu peito
não escondo minha ave no mais profundo
todas noites, tranquilo me deito
deixo voar minha Fênix, pelo mundo
Lágrimas não me eram permitidas
eu não podia chorar
agora choro, choro para que não fiquem contidas
choro até me aliviar
e você?