O casarão de Ouro Preto
Admirável casarão!
As pessoas param e contemplam
O monumento.
Observam cada detalhe, cada pedra colocada.
À noite a lua ilumina
O belo casarão
E há alguns casais que imaginam estar abençoados sob a "luz dos namorados".
Será que somente eu escuto as vozes?
Os chicotes que fervem dia e noite
E o choro dos escravos?
Cada pedra é um crânio
Cada viga é um osso
E toda estrutura da base ao telhado
São corpos e almas pretas.
Tomo o café com gosto de sangue
E não entendo o gozo da arquitetura.
São manchas escuras
Almas desnudas
Vidas destruídas...
Escondidas no adobe
Que tornam a cidade de Ouro Preto
A urbe mais linda.
Enquanto isso, a beleza dos mortos
Nunca tomam posse do posto.