SOLILÓQUIO 39 03💠
Como se visse a mim mesmo
Vi a ti, em desespero
A vasta imensidão do desejo
(costas lânguidas e correntes de ferro)
Brota dum suspiro ofegante
No profundo azul te pinto
Numa imensa tela, te encerro
Súbito
Anômalo
Te antevejo
E numa cítara de canções lúgubres
Te invejo
A bolha de gás escapando do profundo lamaçal no brejo
Como se tudo fosse obrigação de querer
A mim mesmo me acorrento numas grades de ferro
Oxidadas, alaranjadas
Poeira de metal
Emoldurado metalicamente
Num quadro frio de inverno
Como se eu tivesse te deixado na estação
Após o trem partir
Ou como alguém que nega a passagem
Assim te somo a mim
Viajante de clara sintonia
De visões e mundos distantes
Recalcitrante indivíduo ser
De anseios e vidas partilhadas
Mas juntadas pelo instante
1510221918