A Pura Olhada
Ao adentrar no ônibus,
sentei-me em uma cadeira
que ficava em frente a um vidro
que refletia a minha imagem.
Nesse reflexo, eu vi alguém que não era eu,
mas só havia eu no ônibus.
Percebi que meu olhar mudou:
tem mais malícia, mais profundo,
mais misterioso.
Senti que a partir daquele momento,
eu já era uma outra pessoa
e não precisava agir como tal porque já estava agindo há algum tempo,
só não percebi.
Na correria do tempo, não prestei atenção em mim.
precisei me achar no meio da correria.
Depois, desci do ônibus na minha parada e segui normalmente.