Um pouco
Preciso de um pouco,
Um pouco de muitos poucos.
Muito é de mais e nada é sofrimento,
Mas um pouco de muitos poucos me traz alento.
Quem olha só de um lado
É atropelado pelo lado ignorado.
Preciso olhar um pouco para lá e um pouco para cá,
Uma mão aqui e a outra acolá.
Preciso da luz para ver
E da escuridão para me esconder.
Preciso cantar para me libertar
E do silêncio para orar.
Ser sério me faz sentir falta de ser bobo;
Ficar sozinho me faz querer abraço e consolo.
Rir de mais faz doer a boca;
Calar de mais deixa a alma insossa.
Tem dias que amo ser o protagonista falante,
Em outros, quero estar atrás como figurante.
Eu peço, me deixe quieto por favor!
Eu penso, cuida de mim meu amor.
Sou também um pouco homem e um pouco bicho.
Penso, analiso mas não me resisto.
Sou da raça humana e da raça animal,
Sapiens preso ao seu ancestral.
Cada escolha é uma renúncia a outros,
Por isso proponho o revezamento dos poucos.
Conhecer e ser de tudo um pouco
Nessa vida que é um sopro.