Um dia serei poema
Um dia serei poema
Certo dia o vento soprou em meu ser
palavras tão antigas que não consegui
fincar os pé no novo chão.
Movimento incerto.
Ora vou para frente impulsionada pelo desespero,
ora sou levada para trás tentando agarrar mais vida.
É como o balançar de uma criança
que sorri ao ser empurrada para frente
e espera que tenha alguém para te apoiar as costas.
Mas a mim, não há.
São vírgulas que se transformaram em pontos finais
com cheiro de doce apimentado.
Cantigas embalam as flores que me tocam.
Sinto novamente que posso avançar.
Sem sentimento algum na bagagem,
sou jogada de um canto ao outro.
Sinto, toco e solto.
Já não sou o abismo de letras
que se encaixam para formar poemas frios,
mas também não consigo chegar
do outro lado da calçada.
A esquina é segura, o calar prudente.
A boca seca pede um gole do dia
que colherei flores que não murcham.