Tela de Bloqueio
Papel de parede.
Foi um papelão.
Mas olha você, na minha tela inicial.
A adaga do fim soou como um serrote inferrujado no ventre: inesperado, cálido, articulado, com requintes de crueldade.
Assim como o amor subiu cada degrau e alçou asas, hoje dou ré .
Em cada degrau há brasas, vidros e sorrisos: volto ao estágio inicial.
Não fujo do amor nem do trauma.
Sua foto, na tela de bloqueio.
A cada senha digitada, uma imagem de cura ao contrário.
Para que eu chore, chore, até a dor e o amor desbotar.
Ouvirei todas as canções que te lembram, trabalharei, investirei em mim.
Mas jamais permitirei que voltes.
Esvaziarei-me da tua imagem, vendo-o todos os dias, na tela de bloqueio.