Me perco dentro de mim
" Me sento a cadeira contra minha vontade, a voz se cala, fecho os olhos... Agora um outro eu acorda, veste o dominó que não lhe serve e vai pra vida, o outro eu que existia antes desse descansa, assim como os outros antes dele. "
Mais uma vez me perdi.
Estão aumentando os sintomas, não consigo mais controlar os efeitos, existe uma força que me puxa, me estica e já não estou mais onde deveria, e me perco.
Há uma escuridão aconchegante nessa sala em que me encontro, não existem vozes, nem outros eus, nem cheiro, nem frio ou calor. Existe apenas a sensação de plenitude e uma cadeira exposta a única luz do ambiente, um pequeno feixe que corta o breu inebriante.
Uma voz me guia todas as vezes que estou aqui. É minha própria voz, que sussurra no interior do meu ser. Luto contra sua ordem, mas a batalha sempre termina da mesma forma, do mesmo modo que antes. Me sento a cadeira contra minha vontade, a voz se cala, fecho os olhos... Agora um outro eu acorda, veste o dominó que não lhe serve e vai pra vida, o outro eu que existia antes desse, descansa, assim como outros antes.
Paschoal, George