RIO DA NOITE ADENTRO 22 💠

A noite passa e o céu se rompe em rios

Como numa rua de ladrilhos

E atravessam seus cardumes nebulosos

Como quem nada, mas alguma coisa diz que estavam

E lua-estrela quase que se afogavam

A noite mostrava seus rubis e se enamorava

Ora se esquecia de si

Ora lembrava desse rio caudaloso

Onde de nuvens não se pescava nada, outra hora fisgavam alguns pelo ventre e enchia um samburá

Aquele rio distava de um descanso sem o leito

Sem chuva que transbordava

Sem lama

Sem jeito

E sua água de pranto brotava de um vão no peito

Lacrimejava e já inundava

Curvas que quebravam e se insinuavam

A sua cor de abóbora madura já se misturava as lágrimas

Não tinha jeito

E inundavam

A lenda que habitava os cardumes quase se realizava

Devia temer os povos que no rio se banhavam

O rio virou mar e depôs de si os seus peixes

O brilho da noite não foi capaz de detê-los

Nem amarrados à rede que os pescavam

E a memória destas barcas

Não foi capaz de impedir

Narciso de nadar ali

Banhado de águas à luz da lua, desacordada,

Entre seus leitos de céu e de águas

02/08/2022

23:42hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 04/08/2022
Reeditado em 05/04/2023
Código do texto: T7574649
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