As vezes eu queria
As vezes eu queria entender a sutileza de um sorriso envergonhado
Desatado de qualquer interesse, de qualquer pretensão
Eu queria ser "boazinha" sem razão
Sem pretexto e fora de contexto, me apresentar por completo
Sem máscara e sem defesa
Eu queria ter a delicadeza de uma criança
Uma mente entulhada de esperança
Eu queria ter a certeza de que tudo vai ficar bem
E não ter medo de revisitar as lembranças com alguém
Mas na maior parte do tempo
Tudo que eu sinto é raiva
Sinto despreso e indiferença por tudo que parece ser o que não é
Olho em volta, estou afundando em mentiras
Floreadas e perfumadas, expostas
Pra quem quiser
Quem tiver estômago pra vestir o disfarce
" dar a outra face" Perdoar
As vezes parece que ninguém tem permissão de chorar
É mais fácil aceitar o óbvio
E interpretar
As vezes eu queria sumir
Deixar de existir, deixar de perguntar
Talvez abraçar a ignorância
E com ela me casar
Então eu viveria em paz para sempre
Num mundo cor de rosa, em outro lugar
Firme o suficiente, pra que toda gente
Possa me odeiar
Secretamente invejando a minha dor
Que por fora, inocente
Quase não se faz mostrar
As vezes eu queria essa falsa liberdade
Ao invés da verdade que me acusa no espelho
Mas na maior parte do tempo eu despreso tudo isso
O acumulo de coisas, o desperdício de ideias
Frases soltas e carinhos
No final, estamos sozinhos
Esperando algo a mais
Atrás do silêncio eu me escondo
Procurando um olhar estranho, como o meu
Calejado de enganos
Cansado de seguir planos
Que simplesmente, nesse mundo de insanos
Realmente enlouqueceu