As vezes eu queria

As vezes eu queria entender a sutileza de um sorriso envergonhado

Desatado de qualquer interesse, de qualquer pretensão

Eu queria ser "boazinha" sem razão

Sem pretexto e fora de contexto, me apresentar por completo

Sem máscara e sem defesa

Eu queria ter a delicadeza de uma criança

Uma mente entulhada de esperança

Eu queria ter a certeza de que tudo vai ficar bem

E não ter medo de revisitar as lembranças com alguém

Mas na maior parte do tempo

Tudo que eu sinto é raiva

Sinto despreso e indiferença por tudo que parece ser o que não é

Olho em volta, estou afundando em mentiras

Floreadas e perfumadas, expostas

Pra quem quiser

Quem tiver estômago pra vestir o disfarce

" dar a outra face" Perdoar

As vezes parece que ninguém tem permissão de chorar

É mais fácil aceitar o óbvio

E interpretar

As vezes eu queria sumir

Deixar de existir, deixar de perguntar

Talvez abraçar a ignorância

E com ela me casar

Então eu viveria em paz para sempre

Num mundo cor de rosa, em outro lugar

Firme o suficiente, pra que toda gente

Possa me odeiar

Secretamente invejando a minha dor

Que por fora, inocente

Quase não se faz mostrar

As vezes eu queria essa falsa liberdade

Ao invés da verdade que me acusa no espelho

Mas na maior parte do tempo eu despreso tudo isso

O acumulo de coisas, o desperdício de ideias

Frases soltas e carinhos

No final, estamos sozinhos

Esperando algo a mais

Atrás do silêncio eu me escondo

Procurando um olhar estranho, como o meu

Calejado de enganos

Cansado de seguir planos

Que simplesmente, nesse mundo de insanos

Realmente enlouqueceu

Grécia
Enviado por Grécia em 25/07/2022
Código do texto: T7567132
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