Se até os anjos erraram, como podem me exigir a perfeição?
A falha ainda assombra minha mente
errar, dentre tudo, é meu maior medo
Apenas uma queda, e já me sinto incompetente
erros zombam da minha cara, me apontam seus dedos
Tantas expectativas me foram impostas
acertar virou meu deus, minha religião
eu tenho que saber todas as respostas
isso não passa da minha obrigação
Me negaram ser humano, possuir defeito
tapas cobriram cada marca de imperfeição
segui o roteiro, fui ator, fui outro sujeito
escondi o "eu" real dentro da imaginação
Rugido que vem do profundo, é grito que a coragem deu
sai devastando barreiras, acende a chama da revolução
quebra prisões, delas escapam versões do meu eu
todas protestam ao meu tempo, querem dar a direção
Pane, me perdi nessa insanidade
quais "eus" são encenação?
quais "eus" já foram verdade?
qual "eu" é minha atual versão?
Abriram meu peito, minha caixa de Pandora
mistura dos eus, entre as crias e criador
Não fui? Já fui? Sou? Serei? E agora?
Crise de identidade, confusão interior
Já não vivo pelas expectativas que outros criaram
e nem mais me sacrifico para que não lhes cause decepção
se até os anjos erraram
como podem me exigir a perfeição?