Se até os anjos erraram, como podem me exigir a perfeição?

A falha ainda assombra minha mente

errar, dentre tudo, é meu maior medo

Apenas uma queda, e já me sinto incompetente

erros zombam da minha cara, me apontam seus dedos

Tantas expectativas me foram impostas

acertar virou meu deus, minha religião

eu tenho que saber todas as respostas

isso não passa da minha obrigação

Me negaram ser humano, possuir defeito

tapas cobriram cada marca de imperfeição

segui o roteiro, fui ator, fui outro sujeito

escondi o "eu" real dentro da imaginação

Rugido que vem do profundo, é grito que a coragem deu

sai devastando barreiras, acende a chama da revolução

quebra prisões, delas escapam versões do meu eu

todas protestam ao meu tempo, querem dar a direção

Pane, me perdi nessa insanidade

quais "eus" são encenação?

quais "eus" já foram verdade?

qual "eu" é minha atual versão?

Abriram meu peito, minha caixa de Pandora

mistura dos eus, entre as crias e criador

Não fui? Já fui? Sou? Serei? E agora?

Crise de identidade, confusão interior

Já não vivo pelas expectativas que outros criaram

e nem mais me sacrifico para que não lhes cause decepção

se até os anjos erraram

como podem me exigir a perfeição?

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 23/06/2022
Reeditado em 27/10/2022
Código do texto: T7543771
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