As janelas
Observo luzes surgindo nas janelas.
Sinto ar carbônico que adentra nelas.
Além da visão, um sonho, quimeras.
Aquele despertar das horas sinceras.
Espelhados vitrais reluzem aquarelas.
Aquela fragrância de incenso canela.
Aqui na metrópoles; avenidas e favelas.
Na amplitude dos prédios e das capelas,
Vejo um casal se apertando em fivelas.
Estão a espreita, à escotilha de caravelas.
Há cortinas persianas, cor de flanelas.
Embaixo, o taxista a analisar suas tabelas.
Uma senhora na esquina secando panelas.
Passa um cão vira-lata só as costelas.
E tu, meu coração, no parapeito se rebelas...
Bairro da Bela Vista - São Paulo (16 /03 /22)