COMUNICAÇÃO

Não quero lhe falar de tão grande surdez

meu grande abissal ouvido

Não quero expressar minha indignação ao léu

nem lançar as bases de tal edificação no ermo

Crasso engano infinito

Antes quero declamar sem colonizar

gritar numa língua que ninguém entende

e me fazer escutar

o verbo solto e selvagem

que já quase não se compreende

Aprendi que as almas são irrequietas

insones

insinuantes

sonâmbulas

e perambulam trocando fluidos e lisonjas entre si

De que adianta comunicar?

Cada alma é original e indelével

Não precisa apagar do aflito

tal imagem que se fez no pensamento

Tal borracha se desgastaria à mão do ignóbil estudante

antes que pudesse obter êxito

antes que se pudesse dar atenção ao grito que se extende

então prossigo

Mas anda

Não quero atravancar os passos em que desanda a humanidade

Aos trancos e barrancos avançam milênios em décadas

Só não aprenderam ainda a lição de ouvir e se calar

Cuidar da própria sina

Mas na arte de julgar

Quantos mestres há?

Aprende o que precisa aprender

Até as paredes tem ouvidos

O inanimado escuta

Quem é vivo não atenta

Intenta e faz de supetão

Quem tem ouvidos pra ouvir se faz de surdo

Quem tem ouvidos pra ouvir, que ouça.

16/05/2022

13:30hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 17/05/2022
Código do texto: T7518147
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