DOGMA

As perguntas lançam brasas

como açoite na derme castigada

expondo a dúvida

Cada segundo é prisioneiro da memória que restou

Paradigma e paradoxo se revezam

como o tempo no relógio que nunca se contabilizou

O tempo de lembrar se arrasta

e segue passo sobre passo

Teorema imperfeito

Como rarefeita e evanescente verdade

Coluna que não se sustenta

ao dissimular em medíocre desonestidade

Perfídia maldita

Convidada infâme que perambula

na fábula descrita

Vagueiam por entre as festas

bandejas de prata e sabor de poção venenosa

nem antídoto pra fazer efeito contrário

"Chef, pode servir o banquete, os esfomeados já roem os talheres, em animada polvorosa!"

Fraude que oscila como um pêndulo

hora mentira

hora meia-verdade

mas falsidade inteira

Quem dera ser o motivo

de incontestável juízo

abominável argumento que flutua à flor do desespero

medo que aflora autônomo

automático

biônico

biótico

toma conta como possessão

O dogma

atestação de certeza imutável

afirmação de natureza indomável

não se pode domesticar

inefável

inquestionável

O dogma exato deixa sua apoteose ao duvidar se é questão de explanar

O dogma como verdade não se pode sustentar diante da tortura que desnuda a alma em interrogação

Ponto então de exclamação

Diante do flagelo

a carne expõe o que se quer

como múltiplas respostas

o dogma talvez a última opção.

15/05/2022

13:05hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 16/05/2022
Reeditado em 16/05/2022
Código do texto: T7517490
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