Saturno
Eu andei para longe,
querendo ser velho,
de barba branca,
cabelos longos.
Eu cheguei ao fim do caminho,
voltei como criança.
Vi a juventude,
abraçar a velhice.
De pele quente,
ou fria.
Quente e úmida,
seca ou fria.
Eu vi o final,
devorei,
o que tinha,
e o que ainda viria.
Quem sou?
Eu fui,
Eu sou,
Eu hai de ser.
E também.
Não sou!
O tempo leva,
destrói, cria ou preserva.
De canto a canto,
resido no universo,
frio,
isolado.
Com um belo anel,
feito de ossos,
danço,
a sinfonia fúnebre.
Sou ceifador,
agricultor,
o velho do campo,
solitário cantor!