SALADA DE FRUTAS
Não me conformo em preencher poemas
De forma não aleatória
Tudo neles pode ser reinventado, e eu posso criar infinitos lemas
Falar sobre quinze temas, fazer dramaturgia com oratória
(Três, dois, um, ação!)
Me encanta a árvore próxima a mim, cujas flores laranja vibrantes crescem com mais abundância numa parte específica
É um tanto romântico, uma pétala laranja e uma carta de poemas
Tenho receio de afogar as pessoas na minha profundidade, pareço rasa e isso me complica
Quando olho aquelas flores, esqueço dos mil milhões de problemas
(Vida Eterna ao romantismo!)
Sou muito jovem pra tanta preocupação, mas sinceramente, ninguém é velho o suficiente pra isso; não sei que mania é essa do sofrimento, que simplesmente se estoca
Às vezes eu penso que sorte daquela minhoca no fundo do quintal, que passa a vida sem se preocupar, não sofre os tormentos humanos
Nem se preocupa com isso, não é como se ela conseguisse compreender, é uma minhoca
Ah, sim, sortuda minhoca, não tem crises de pânico pensando que fez algo errado, e o TOC não sufoca seus últimos desejos com enganos
(Últimos desejos porque o desânimo já sufocou todos os outros, até que você pensasse que seus próprios sonhos já não eram relevantes)
Ah, sim, Viktor Frankl, faça a sua vida trazer para a minha um pouco de força; que lições de vida certas vidas dão!
Dificilmente existe fio de sutura humano mais potente para feridas e desânimos do que uma pessoa de passado triste
É óbvio e visível ao homem que tudo se completa, nada foi em vão!
Que experientes com a dor certas pessoas são, eu de nada sei disso e acredito que nunca saberei, tudo que sei é que o amor humano ainda persiste!
(Amor!)
Não gosto de nada abstrato, apenas poemas; arte abstrata já não curto, músicas abstratas não escuto, emoções abstratas infelizmente não compreendo
E o que significa não compreender essas emoções? Ansiedade, lógico; porque tudo tem que ser cem por cento esclarecido pra mim, senão eu tenho um ataque
Tenho muito interesse no abstracionismo emocional, mais ainda em apenas esquecer tudo e sentar na terra barrenta e criar teias de aranha, observando as abóboras nascendo
Um, dois, três, quatro, respira fundo, o medo (infelizmente) não parou de encher o saco, não é hora de piripaque
(Última ansiedade!)
O cheiro das árvores sempre me persegue
Os quadripontos da mesa me lembram que eu queria uma mesa redonda
Eu quero favo-de-mel, visitar estrepes
Ser uma planária? A mais forte e maior, que o organismo ronda e ronda
(Planária principal!)
Visitar o Polo Norte, visitar o Polo Sul, ir pelo mar azul
Secretamente, queria que um raio fizesse uma Figura de Lichtenberg na minha pele
Queria respirar pela primeira vez o ar de outro país, ter choques culturais como a Síndrome de Paris, passear pelo Itaussu
Comer pato no tucupi, de tanto que eu via passando na TV, ser bem mais alegre
(Maresia doce!)
Me esbaldar numa melancia de coração vazio, unicamente pelo açúcar
Ser forte o suficiente pra servir de espada e escudo
Não ver mais espinhas em meu rosto, nunca ter rugas
Ter nascido naturalmente loira ou com heterocromia mas infelizmente a gente não pode ter tudo
(Contentamento final!)