A PEÇA
A PEÇA
Tanto cantei cantigas de ninar,
Contei histórias de bruxa má,
Personagens perdidos na mata
Com animais que também falavam
E riquezas nascidas de vintém;
Ainda antes do sono chegar
Sempre tudo acabaria bem.
Hoje escrevo tentando dormir,
Em noites tão longas mas sem sono,
Fábulas só contam o que viví
E não há anjinhos na platéia
Nem o que conto faria sorrir;
Antes esperava sono chegar,
Hoje espera-se o sol raiar.
Num palco, cenários distintos
E uma peça sempre a mudar,
Em falas que até surpreendem
E nos obrigam reverenciar;
Acatar novo rumo da trama,
A vida é uma grande peça,
Não a deixemos virar drama.
As cortinas não foram fechadas
E dia claro já recomeçou;
O raro vai virando rotina
E noite não deve virar dia
Sem holofotes, só lamparinas;
Brilho do grande espetáculo
Só depende de quem o assina.