Conto que te conto

O dia amanheceu sem querer

O vento que abre a janela é visita esperada

E não encontra você;

O desejo escondido num risco de olhar

Se confunde com o cheiro inebriante de amor

Que ficou perdido no ar;

Ainda é possível ver as silhuetas de carinhos

Nos lembretes espalhados pelos quatros cantos da memória.

Memória que vive, revive, recorda, transporta

O vazio da ausência para o mais alto voo da imaginação;

Ao momento vivido celebro o prazer, o viver, o pertencer,

Um momento de seres que ousaram se conhecer

Sem ouvir a razão.

O seu gosto ficou, seu perfume na pele perpetuou,

Seu abraço libertou, sua mão me tocou, sua boca expressou,

E seu corpo em mim ardentemente pousou.

Uma lágrima caiu dos seus olhos a cada passo dado;

Te caminhei, te desejei, te desenhei, te salvei

E num sussurro voraz você me ganhou.

Eu senti, te senti, te servi, te fundi em meu corpo,

Deixei sua alma nua; realizei a vontade tua.

No alagar repousante da cachoeira, te entreguei meus pecados

E te vi saciar-se feito animal faminto na rua.

Teu riso incontido brotou,

de fome não morres, tampouco de amor;

O sol se pôs no final e quando o suor se fez sal

a noite chegou.

Jandson Máximo
Enviado por Jandson Máximo em 07/04/2022
Reeditado em 10/04/2022
Código do texto: T7489762
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