Aquele momento
Olhos fechados, mundo silenciado
papel em branco e um poeta enferrujado.
Não é fácil escrever, na verdade não é fácil estar aqui
tentando descrever a bagunça que há em mim.
O cheiro do papel é um calmante natural
apaziguando os pensamentos, de uma fera irracional.
Sempre escrevi sobre sentimentos que nunca pude entender
carrego dores do passado que não dá pra esquecer.
Mas no papel a história se torna uma poesia encantadora
enquanto a realidade é uma versão arrasadora.
Rompendo as horas de um dia alucinante
lembrei-me daquele momento de silêncio embriagante.
Sentar na cadeira, papel e uma simples lapiseira
escrever durante horas, ou até mesmo a noite inteira.
E no papel em branco um rosto começa a se formar
enquanto rabisco umas linhas que se transformam num olhar.
Aquele momento onde o trabalho ficou pra trás
e todo stress e tensão foi embora ou já não importam mais.
A definição do verso brinca com nossas mentes
enquanto navego pelo mar de rimas condizentes.
As lembranças se encavalam ao escrever uma poesia
falar sobre o amor, raiva, felicidade ou alegria.
Escrever sobre o que ficou, rimar com o que passou
retificar o que errou, aceitar o que restou.
Aquele momento que o papel começa a responder
suas dúvidas e incertezas, começam a se resolver.
Separando a ilusão de uma dura realidade
deixando a mentira e vivendo uma verdade.
Última estrofe, finalizando o texto com a rima preparada
encerramento da poesia, é o final de uma jornada.
A nostalgia daquele sentimento
foi lindo reviver aquele... ou melhor, este momento.