Aquele momento

Olhos fechados, mundo silenciado

papel em branco e um poeta enferrujado.

Não é fácil escrever, na verdade não é fácil estar aqui

tentando descrever a bagunça que há em mim.

O cheiro do papel é um calmante natural

apaziguando os pensamentos, de uma fera irracional.

Sempre escrevi sobre sentimentos que nunca pude entender

carrego dores do passado que não dá pra esquecer.

Mas no papel a história se torna uma poesia encantadora

enquanto a realidade é uma versão arrasadora.

Rompendo as horas de um dia alucinante

lembrei-me daquele momento de silêncio embriagante.

Sentar na cadeira, papel e uma simples lapiseira

escrever durante horas, ou até mesmo a noite inteira.

E no papel em branco um rosto começa a se formar

enquanto rabisco umas linhas que se transformam num olhar.

Aquele momento onde o trabalho ficou pra trás

e todo stress e tensão foi embora ou já não importam mais.

A definição do verso brinca com nossas mentes

enquanto navego pelo mar de rimas condizentes.

As lembranças se encavalam ao escrever uma poesia

falar sobre o amor, raiva, felicidade ou alegria.

Escrever sobre o que ficou, rimar com o que passou

retificar o que errou, aceitar o que restou.

Aquele momento que o papel começa a responder

suas dúvidas e incertezas, começam a se resolver.

Separando a ilusão de uma dura realidade

deixando a mentira e vivendo uma verdade.

Última estrofe, finalizando o texto com a rima preparada

encerramento da poesia, é o final de uma jornada.

A nostalgia daquele sentimento

foi lindo reviver aquele... ou melhor, este momento.

Ronny Vieira
Enviado por Ronny Vieira em 15/03/2022
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