SINFONIA DE PAULO VANZOLINI

Eu compus uma sinfonia.

E que sinfonia mais singela...

Eram doze notas diferentes,

Emparelhadas e dissonantes.

Eu inventei estas notas.

Mas as músicas que tocam, não.

Elas tocam assim:

Larari, larara.

Outras tocam:

Papapi, papapa.

Ora, são boas notas.

Logo, são notáveis.

Não há um instante sequer,

Que em minha mente não toquem.

Belas sinfonias, belos arranjos.

Uma receita de sabor, implacáveis.

Larari, larara, papapi, papapa.

Uma nota solta...

E todas as outras se reagrupam.

Faz-me enlouquecer e esquecer...

Da plenitude de minh'alma não plena.

Do veneno que eu mesmo tomei,

E do sangue que perdi, não sei.

Prefiro não saber.

Ah, a orquestra dos meus pensamentos...

Das minhas memórias, das minhas histórias.

Larari, larara, papapi, papapa.

São boatos meus, só meus.

São só minhas as vontades,

Mas que seja feita a Tua vontade.

Ah, que doce canção, e que voz...

Na minha mente instalada, por achar bonita.

E que... Ora, combina um pouco com o momento.

Quero três mil reais e um cheiro da rosa.

Lara-la, lara-la-la-la, lara-la-la-la

La, la, lara-la-la-la, lara-la-la-la,

La, la, la, la, la...

De noite, eu rondo a cidade, a te procurar,

Sem encontrar...

No meio de olhares, espio

Em todos os bares,

Você não está

Volto pra casa abatido

Desencantado da vida

O sonho, alegria me dá

Nele, você está