Ampulheta
Cuido de mim mesma nesse momento
Em que o tempo, ora entra pela janela, ora se esvai
Afago-me, fortaleço-me e mereço-me
Exponho-me ao sol de hoje, ameno porém justo
Na medida certa do tempo
Na ampulheta as finas areias deitadas ao fundo
É o viver escorrido, esgotado, deixado vazio
Posso inverter o lado e começar do começo do tempo
Posso preencher no fortalecimento
Posso sempre, está em minhas mãos somente.
Posso colorir o deserto, me envolver nos grãos mais finos
E me integrar no tempo que passa inevitavelmente
Preencho minhas mãos de fibras de vontades
E me faço inteira juntando-me ao que não é mais árido
No convexo pode estar o côncavo conciliando o bom do tempo