Eu refiz a minha morada
Janelas quebradas
goteiras molham o chão
estruturas estufadas
não há cama, só colchão
Paredes que já perderam sua cor
lâmpadas queimadas, não acendem
o piso range uma ode a dor
os quadros na parede pendem
Ratos correndo em seu interior
um sofá esburacado
cenário de filme de terror
talvez um edifício amaldiçoado
Pego um martelo na mão
seguro um pincel com os dedos
bato pregos para perfurar a solidão
tinjo as paredes para espantar meus medos
Reponho as janelas, e vejo meu reflexo
tampo as goteiras, já não mofam meu piso
transformo em simples, o que antes me parecia complexo
aos poucos no rosto, vai surgindo um sorriso
Troco as lâmpadas, luz volta a brilhar
reponho os quadros, paredes torno a decorar
expulsos os ratos
reparo o sofá, coloco uma cama e mudo meus atos
Pego uma placa
escrevo, bem-vindo ao meu lar
fixo-a no chão, com uma estaca
reconstrui o meu lar
Abro-lhe a porta
agora podes entrar
ressuscitei minha morada morta
para que eu possa lhe abrigar